sexta-feira, 27 de março de 2015

Boa notícia: a poluição luminosa no Reino Unido parece estar diminuindo!


Uma pesquisa divulgada recentemente indica que a poluição luminosa no Reino Unido está diminuindo! Uma queda de 28% foi observada desde 1992, sendo que o brilho do céu foi calculado com base em dados obtidos por dois satélites, o Operational Linescan System (OLS) e o Visible Infrared Imaging Radiometer Suite (VIIRS), já citado em uma postagem anterior.

Segundo o trabalho, a poluição luminosa teve seu máximo em 1993 e a previsão é que, entre 2015 e 2025, ela deve cair mais 21%. A imagem abaixo mostra a redução observada até 2014, ao longo do território do Reino Unido.

Estimativa da redução da poluição luminosa, entre 1992 e 2014, ao longo do território do Reino Unido. Créditos da imagem: City A.M..

O mais surpreendente é que a pesquisa foi promovida pela Hillarys, uma empresa britânica de cortinas, persianas e afins.  Fora de propósito? Não! Existe um tipo de poluição luminosa chamada de "luz intrusa". É quando a luz pensada para um ambiente invade o outro. É o caso da iluminação da rua e da vizinhança que invade seu quarto durante a noite, comprometendo sua saúde, e a luz da sua sala que inadequadamente invade o ambiente externo enquanto você lê, conversa ou assiste televisão. Para minimizar o impacto deste tipo de poluição é fundamental utilizar cortinas e persianas adequadas. A Hillarys está agregando um importante valor social ao seus produtos ao divulgar em sua página da internet artigos explicando o que é a poluição luminosa e dando dicas para evitá-la.


A pesquisa sobre a incidência e variação da poluição luminosa no Reino Unido está sendo divulgada em uma página própria: SKYGLOW - Light Pollution & the UK’s Changing Skies (Brilho do céu - Poluição Luminosa & os céus em mudança no Reino Unido). Nela é possível interagir com um mapa e verificar o brilho do céu ao longo da região, medidos com o OLS e o VIIRS entre 1992 e 2014, e as simulações de como a situação deve evoluir até 2015. Veja exemplos nas imagens abaixo.
 

Comparação entre a quantidade de poluição luminosa no Reino Unido em diferentes épocas. De cima para baixo: dados de 1992, 2012 e simulação da situação em 2025. Captura de tela da ferramenta interativa disponível na página de divulgação da pesquisa. As áreas em vermelho indicam as maiores concentrações de iluminação inadequada.

Enquanto a poluição luminosa parece ter diminuído 28% entre 1992 e 2012, a população da região cresceu em 10%. O que pode estar acontecendo então? Uma das hipóteses é que a iluminação esteja sendo melhorada através do uso de luminárias e lâmpadas mais adequadas, que minimizam o espalhamento da luz para fora da área em que ela é necessária. Outro fator importante é que, com a migração das pessoas para as grandes cidades, a poluição luminosa aumentaria nestes locais mas lá ficaria concentrada, diminuindo a quantidade de luz em áreas mais remotas. 

Não podemos desprezar novos fatores, como a popularização das lâmpadas LED. Apesar de muito econômicas e com feixe de luz fácil de ser orientado, elas ainda são muito brancas e emitem em frequências desnecessárias para o deslocamento humano durante a noite. Assim, o mal uso da nova tecnologia, já discutido aqui, pode frustrar as previsões otimistas do trabalho liderado pela Hillarys.

Aos que duvidam da integridade das informações, o trabalho foi realizado com o suporte de vários especialistas, inclusive da International Dark Sky Association (IDA), principal organização de estudo e combate à poluição luminosa.

Neste momento estou justamente precisando comprar cortinas e persianas para o meu novo apartamento. Como consumidora, se pudesse escolher, definitivamente contrataria os serviços da Hillarys. A consciência social da empresa faz toda a diferença. Infelizmente, eles ainda não trabalham no Brasil...


 
Veja mais:
 

quarta-feira, 11 de março de 2015

A campanha "Globe at Night" completa dez anos!

Em 2015, a campanha de ciência cidadã Globe at Night está completando dez anos de atividades! É um projeto oficial do National Optical Astronomy Observatory (NOAO), instituição norte americana responsável pela operação dos telescópios ópticos em solo disponíveis aos astrônomos daquele país.

Através do Globe at Night qualquer pessoa, de qualquer lugar do planeta, pode contribuir para pesquisas sobre a incidência da poluição luminosa. Basta acompanhar as campanhas mensais, observar e contar estrelas nas constelações indicadas e enviar seus resultados para serem incluídos na base de dados. Além dos procedimentos serem muito simples e bem documentados, o "cientista cidadão" ainda tem o prazer de dedicar alguns minutos para contemplar o céu noturno!

Sem dúvida, durante estes dez anos, o Globe at Night tem coordenado a coleta de informações essenciais e que podem ser usadas em diversas análises, testemunhando o impacto da iluminação artificial no meio ambiente, nas nossas vidas e na nossa capacidade de observar as estrelas...

Outras informações sobre o Globe at Night já foram apresentados neste post. Uma explicação detalhada de como comunicar os resultados através do aplicativo web do projeto pode ser vista aqui. Este aplicativo é disponibilizado em várias línguas, inclusive em português.

Hoje, 11 de março, tem início a terceira campanha de 2015 e devemos contar quantas estrelas podemos ver na constelação do Cruzeiro do Sul. As outras datas e constelações a serem observadas no Hemisfério Sul são:


O mapa abaixo mostra os resultados de 2014, quando mais de 18 mil observações foram enviadas. Mas, por que participamos tão pouco no Brasil? Dê a sua contribuição! Todas as constelações são de fácil identificação já no início da noite! (Tudo bem, Grou é um pouco mais complicada...). A meta é conseguir 20 mil observações até o fim deste ano!


Visão geral dos resultados da campanha de 2014, quando 18506 observações foram enviadas. Note como o Brasil participa pouco, assim como outros países da América do Sul. Resultados de outros anos e em diferentes formatos podem ser encontrados nesta página.

Visando colaborar para que seja formada uma base de dados mais homogênea e completa, Christopher Kyba, do projeto e blog Loss of the Night, fez um levantamento e disponibilizou os locais de onde já foram fornecidas observações em algum momento mas, nos últimos cinco anos, ninguém se propôs a repeti-las. Assim, ficamos sem saber como a situação evoluiu naquele local. 

Kyba diz (tradução livre): "O melhor lugar para fazer uma observação e ajudar a estimar a poluição luminosa é um lugar muito perto de sua casa, onde você possa observar novamente no futuro. Mas, se  estiver disposto a viajar um ou dois quilômetros, a fim de nos ajudar a controlar a forma como a contribuição da luz artificial está mudando, você poderia nos ajudar, fazendo uma observação perto do mesmo local onde já foi feita no passado". Consulte o mapa com 5 mil locais onde as observações precisam ser novamente realizadas e veja se pode ajudar!


Imagem do blog Loss of the Night mostrando 5 mil locais onde contagens de estrelas para o projeto Globe at Night foram feitas em algum momento nos últimos nove anos, mas nunca repetidas para registrar a evolução da poluição luminosa naquele local.

O Globe at Night tem uma newsletter mensal, que pode ser assinada ou lida neste link. Este mês, por exemplo, tem a indicação da página Light Pollution Map, onde é possível acompanhar medidas de brilho de fundo do céu obtidas com equipamentos como o Sky Quality Meter (SQM) e fornecidos pela instituição norte americana National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA). Na imagem abaixo é possível ver a área com maior incidência de poluição luminosa no Brasil, que inclui São Paulo, Rio de Janeiro e entre elas, no Sul de Minas, o local onde está instalado o maior telescópio profissional em solo brasileiro, o Observatório do Pico dos Dias (cerca de 35 quilômetros de Itajubá).


Mapa da poluição luminosa na área mais afetada do Brasil, incluindo as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Imagem produzida através da página Light Pollution Map. Clique para ampliar!

É sempre importante lembrar que as observações realizadas através dos aplicativos 'Dark Sky Meter' (iOS) e 'Loss of the Night' (para iOS e Android) também se juntam aos esforços do Globe at Night, de mapear a incidência e variação da poluição luminosa em todo o globo terrestre. São várias as oportunidades e maneiras de colaborar com as pesquisas!

Nova página web do projeto Globe at Night, marcando seus dez anos de existência.


Página de notícias sobre Poluição Luminosa (PL), mantida pela astrofísica Tânia Dominici.

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